07/06/2013 10h58 - Atualizado em 07/06/2013 11h27

Polícia investiga seis policiais por morte de jovem em Cacoal, RO

Welvis Vieira da Silva pode ter sido executado, diz delegado de polícia.
Quatro policiais podem ter executado Welvis e outros dois auxiliado.

Magda OliveiraDo G1 RO

Glecigenes mostra o álbum de fotos do filho Welvis (Foto: Magda Oliveira/G1)Glecigenes mostra o álbum de fotos do filho Welvis (Foto: Magda Oliveira/G1)

Seis policiais militares de Cacoal (RO) estão sendo investigados por uma possível execução do jovem Welvis Vieira da Silva, de 23 anos, ocorrida em janeiro deste ano. Segundo o delegado de polícia responsável pelas investigações Ícaro Alex Soares Bezerra, o inquérito policial será concluído em duas semanas e com as provas já colhidas até o momento, há indícios de que o crime tenha sido homicídio doloso, aquele que há intenção de matar.

Para a mãe da vítima, a dona de casa Glecigenes Araújo Vieira Sampaio, de 42 anos, ainda é muito doloroso falar sobre a morte do filho. “Às vezes tenho a impressão que o meu filho vai chegar, que tudo isso é um pesadelo e que eu vou acordar”, fala.

Glecigenes desafaba ao falar da abordagem dos policiais. “Se meu filho fosse um drogado, um bandido, e fosse morto pela polícia, eu iria sofrer, mas iria entender. Mas como vou entender policiais terem matado um trabalhador, pai de família”, afirma.

A mãe conta que o filho foi morto quando voltava de Primavera de Rondônia (RO), onde trabalhava em uma chácara. “Minha mãe pediu que o Welvis não saísse tão tarde, mas ele [Welvis] disse que não tinha perigo”.

Como não sabia que o filho estava retornando, a mãe não ficou esperando, mas logo pela manhã recebeu a ligação da cunhada questionando se Welvis havia chegado. “Nesse momento comecei a sentir um mau pressentimento e fui me arrumar para ir procurar meu filho, pois sabia que algo errado havia acontecido”, lembra a mãe, dizendo que não deu tempo, pois a rua da casa onde mora ficou tomada por policiais que foram informá-la, por volta de 9h, que o filho havia morrido em uma troca de tiros com a polícia.

Às vezes tenho a impressão que o meu filho vai chegar, que tudo isso é um pesadelo e que eu vou acordar"
Glecigenes Sampaio, mãe de Welvis

Para Glecigenes a Justiça está lenta, pois os suspeitos estão aguardando o julgamento em liberdade. “Eu espero que a justiça seja feita, e os culpados sejam punidos, pois foi um ser humano que morreu. Eu só tenho os meus filhos na minha vida, e conseguiram tirar uma parte dela”, desabafa a mãe se referindo a seus dois filhos.

De acordo com o delegado Ícaro, as investigações, para a conclusão do inquérito policial, terminam nas próximas duas semanas. “Estamos aguardando a análise dos investigadores de polícia quanto ao histórico das ligações realizadas pelos suspeitos e testemunhas do local do crime”. Esse relatório irá confirmar se os policiais presos, suspeitos da morte de Welvis, se deslocaram do local do fato, e se acaso tenham se deslocado para onde foram. “Isso é importante para averiguarmos sobre a arma que foi encontrada no local, porque se a arma foi 'plantada', alguém buscou. Essa é a importância desse relatório”, explica o delegado.

Ao G1, o delegado disse que além dos quatro suspeitos, estão sendo investigados mais dois policiais que poderiam ter ajudado no crime. “Estão sendo investigados quatro policiais suspeitos e mais dois, suspeitos de levar a arma e 'plantar' no local. Então vamos analisar as ligações telefônicas de seis policiais, para tentar desvendar como a arma foi parar no local”, diz Ícaro.

Após ficarem trinta dias detidos, os policiais suspeitos foram liberados por meio de habeas corpus, pelo fundamento, segundo o delegado, de que estavam presos para auxiliar nas investigações. “Como a polícia conseguiu colher todas as provas num período curto, o Tribunal de Justiça entendeu que não havia necessidade de manter os suspeitos em prisão temporária, até porque a prisão no nosso ordenamento jurídico, só é justificável com a sentença penal, o que ainda não é o caso”.

No prazo máximo de duas semanas, o delegado afirmou que o inquérito será relatado ao Ministério Público, para dar entrada ao processo. “O inquérito conta hoje com 596 folhas, então foi um trabalho minucioso, teve reconstituição dos fatos, perícia no local do crime, a arma encontrada também foi submetida à perícia e houve uma representação pela quebra do histórico das ligações telefônicas”. O delegado não quis se comprometer antes da conclusão das investigações, mas adiantou que há indícios de que na conclusão do inquérito o crime tenha sido um homicídio doloso.

A equipe do G1, procurou o Ministério Público e a Corregedoria da Polícia Militar, para falar sobre o caso, mas não obteve retorno.

tópicos: