Equipe de resgate carrega um ferido perto da casa de espetáculos Bataclan, em Paris



 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem foi? Quantos foram os mortos? Como foram os ataques? O que poderia ter sido feito para evitá-los? Essas são questões que as próximas horas, ou os próximos dias se encarregarão de responder. A pergunta que ficará sem resposta é: por quê? Por que alguém faz uma coisa dessas? O que leva um terrorista a metralhar jovens em boates, restaurantes e no meio da rua? De onde vem tanto ódio? De onde tanta dor?

A França não será a mesma depois desta sexta-feira, 13 de novembro. A comparação inevitável, com os ataques de 11 de setembro, já circula pelos comentários de tevês e redes sociais. O país ficará mais duro, diz um comentarista. Será preciso vigiar melhor as fronteiras, aperfeiçoar os controles, estabelecer mais regras de segurança, reduzir ainda mais o espaço privado em nome da ordem pública. Todo o ideário de combate ao terror passa necessariamente pelo endurecimento. E, ainda assim, o terror persiste. Por quê?

Relatos de sobreviventes dão a entender que se trata de uma ação orquestrada, promovida por fanáticos, sob inspiração, ou talvez mesmo comandados pelo Estado Islâmico. A tragédia na Síria exportou não apenas refugiados. Exportou também ressentimentos e dores. Contribuiu para amplificar a detestável visão de mundo que rege a mente dos fanáticos. Gerou mais ódio, mais dor.

Ódio e dor não combinam com Paris. Não com a Paris que conheci ainda criança, pelas imagens de meu pai, pela voz de minha mãe. Não com a Paris que sempre me encantou, o lugar mais civilizado do mundo, exemplo de liberdade e alegria. Não com a Paris de beleza única, terra de arte, poesia, culinária e algumas das melhores livrarias que já vi. Não com a Paris carinhosa, terra de minha família, lar de amigos, onde sempre somos recebidos com festa. Não, ódio e dor não combinam com Paris.

Não, eles não vencerão. Nós não deixaremos. Paris é – e continuará a ser – a terra do amor. Para todos nós.