Biomédicos são importantes na luta contra a pandemia de COVID-19
Em meio à pandemia de COVID-19, vemos muitas pessoas parabenizar e reconhecer o trabalho dos profissionais da saúde, principalmente médicos e enfermeiros.
Apesar de eles estarem na linha de frente, existem outros profissionais que merecem ser lembrados.
Nós, biomédicos, somos importantes nessa batalha contra o SARS-CoV-2 pois atuamos na pesquisa, diagnóstico, além da saúde pública.
Procuram-se biomédicos interessados em se especializar em imagenologia
Interessados deixar nos comentários seu número de celular com DDD, CPF, RG, data de nascimento, endereço, nome da mãe, conta bancária e senha do cartão.
Ultimamente tenho visto muitas publicações como essa em várias redes sociais, principalmente no instagram e no Facebook.
Definição de entrave: obstáculo; dificultar ou impedir o desenvolvimento de algo.
Estou na biomedicina há 11 anos, e em todo esse tempo muita coisa melhorou. Porém, o que ainda mais gera debate é a questão da oferta de vagas e remuneração do biomédico.
Refletindo sobre isso recentemente, percebi onde provavelmente está o maior obstáculo da biomedicina.
Quando a gente olha para outras profissões da área da saúde, percebemos que na maioria delas o profissional pode atuar como profissional liberal, ou seja, trabalhar por conta própria; ser seu próprio dono.
Nutricionistas, odontólogos, psicólogos, médicos, educadores físicos, médicos veterinários, dentre outros, podem ter seu próprio consultório ou oferecer seus serviços, não dependendo de mais ninguém para poder começar a trabalhar.
Quando olhamos para a biomedicina, na maioria dos casos, dependemos de empresas, laboratórios e instituições abrirem vagas para podermos trabalhar.
Então, a maioria de nós fica dependente de terceiros para poder trabalhar e ter uma renda. E se a oferta dessas vagas não é grande, consequentemente sobram profissionais.
Das nossas habilitações, as que mais propiciam ao biomédico ser um profissional liberal são a Biomedicina Estética e a Acupuntura.
O nosso maior avanço nesse sentido foi a criação da Biomedicina Estética, em que o biomédico pode montar seu consultório, ter seus clientes e fazer sua carreira, sem depender de mais ninguém para ter que oferecer uma vaga ou oportunidade.
Não é a toa que muitas pessoas estão se especializando nessa área. Pois além de ter boas chances de rentabilidade, as oportunidades são criadas pelo próprio profissional.
Porém, precisamos de mais!
Criar uma empresa? Não necessariamente!
Provavelmente, a primeira coisa que você deve ter pensado é na criação de uma empresa, um laboratório por exemplo.Mas isso é algo complexo, e nem todo mundo tem o perfil ou está disposto a ser um empresário.
Você pode se cadastrar como microempreendedor individual (MEI), mas não necessariamente precisa abrir uma empresa com sede fixa e funcionários, por exemplo.
Além disso, todo profissional liberal deve ser empreendedor. Pois para conseguir seus clientes, mantê-los, é necessário que você tenha ideias boas, estratégias e uma boa reputação no mercado.
Como mudar isso?
Eu ainda não consegui pensar numa atividade em que pudéssemos trabalhar como profissional liberal aplicando nossas habilitações, principalmente as Análises Clínicas.Como houve a criação da estética na biomedicina, o conselho de biomedicina deve criar e publicar uma resolução nos habilitando a trabalhar em uma área como profissional liberal.
Mas para isso, temos que ter ideias do que poderíamos fazer.
É por isso que estou escrevendo este post. Quero que vocês me ajudem a pensar em formas de não depender da abertura de vagas de emprego, de podermos ser nossos próprios donos.
Se você tiver alguma ideia, me mande no instagram @biomedicinapadrao ou por e-mail blogbiomedicinapadrao@gmail.com
6 ideias de renda extra para biomédicos
Recentemente, publiquei aqui no blog ideias de como trabalhar para aumentar sua renda.Em algumas delas temos como trabalhar como profissionais liberais, como na área de consultoria.
Mas algumas áreas são para profissionais que já têm mais experiência, e um recém-formado não se beneficiaria tanto assim.
Confira: https://www.biomedicinapadrao.com.br/2019/03/6-ideias-de-renda-extra-para-biomedicos.html
O futuro da Biomedicina está em nossas mãos
A Biomedicina de hoje
A Biomedicina do futuro
Relacionado: O futuro do trabalho na saúde | Biomedcast
- Resolução de problemas complexos
- Pensamento crítico
- Criatividade
- Liderança e gestão de pessoas
- Trabalho em equipe
- Inteligência emocional
- Julgamento e tomada de decisões
- Orientação a serviços
- Negociação
- Flexibilidade cognitiva
Onde o biomédico se encaixará
Ciência de dados
Aprendizado de máquina
Bioinformática
Conclusão
Leitura recomendada: Artificial intelligence in healthcare. Nature Biomedical Engineering 2018 [link].
Não espere que a Biomedicina seja do jeito que você quer
A Biomedicina é uma profissão tão linda. Eu me apaixonei de primeira, quando comecei a graduação e vi do que se tratava o curso. Justamente por isso, criei o blog lá em 2009 na tentativa de fazer com que mais pessoas também se apaixonassem e soubessem o que é nossa profissão.
A biomedicina é uma das profissões da área da saúde no Brasil e engloba várias áreas de atuação, com um foco principal na pesquisa científica e no apoio ao diagnóstico, seja por meio das análises clínicas ou pela imagenologia.
Claro, a nossa profissão vai muito além disso, com mais de 36 habilitações para podermos escolher e atuar. Algumas em bastante crescimento, como a circulação extracorpórea (perfusão) e a biomedicina estética.
O perfil do profissional biomédico é único. A maioria de nós não trabalhará diretamente com pacientes, e isso não tem que ser uma desvantagem. É uma das características da profissão.
Porém, o que mais vejo nas redes sociais e ouço de alunos ou de alguns biomédicos é que a Biomedicina é ruim, por que só fica nos “bastidores”, que não pode fazer isso ou aquilo e por aí vai.
Então pergunto o porquê de a pessoa achar isso, e a mesma responde que é por que ela gostaria de poder fazer tal procedimento, ou ter contato com paciente, ou prescrever medicamento etc.
Ou seja, essas pessoas querem que a Biomedicina seja do jeito que elas gostariam. NÃO! Vocês que têm que se adequar à profissão.
Antes de escolher a profissão que você quer seguir, é necessário pesquisar as áreas de atuação dessa profissão e aí ver se ela se adequa ao seus objetivos.
Se o perfil da profissão não atende seus objetivos, nem comece a cursar. Procure outra. Se você já começou, ao invés de ficar reclamando por aí, troque de curso. Não faça um desserviço à Biomedicina.
Não, na biomedicina você não pode prescrever medicamentos; dependendo da habilitação, nem sempre terá contato com pacientes; não pode solicitar exames laboratoriais (exceto na perfusão); não pode assinar laudos de exames por imagem; não pode fazer cirurgias; não pode prescrever dietas; entre outras coisas.
O que me parece é que algumas pessoas querem uma determinada profissão, e como não conseguem passar na seleção, vão para a Biomedicina como segunda escolha e acham que é dever da nossa profissão atender aos seus desejos individuais.
Então, antes de reclamar, pare e pense de quem é a culpa pela sua decepção: da Biomedicina ou de você mesmo?
Precisamos de mais pessoas que aceitem a Biomedicina como ela é, e venham para acrescentar e ajudar a mostrar à sociedade o que somos capazes de fazer dentro das nossas possibilidades.
Meu depoimento após 5 anos como Biomédico
Parece que foi ontem, mas há cinco anos estava começando minha jornada como biomédico.
Depois de compartilhar com vocês como foram meus dois primeiros anos como biomédico, decidi escrever sobre os três últimos anos que se passaram.
Em 2014 estava começando na residência multiprofissional em hematologia e hemoterapia, no Hospital das Clínicas da UFG, em Goiânia.
Foi uma experiência incrível e única. Ao mesmo tempo que você é um estudante de pós-graduação você também já é um profissional, com registro no conselho, responsável pelos seus atos. Não é mais como no estágio da graduação, em que outro profissional respondia por você. E isso nos ajuda a amadurecer profissional e pessoalmente.
Aprendi muito sobre esse mundo incrível da hematologia e da hemoterapia, e também mais sobre análises clínicas, já que o laboratório clínico foi minha “casa” por dois anos. Participei de ambulatórios, discussões de casos clínicos, aulas com outros profissionais da saúde e fiz estágios externos, como no banco de sangue do HC e no hemocentro de Goiás.
Em 2016, após o término da residência, fui convidado pelo prof. Jeff Chandler para coordenar o curso de especialização presencial em hematologia e hemoterapia da Asgard Cursos, aqui em Goiânia.
Aceitei o desafio e fomos elaborando o curso, buscando um bom corpo docente e também estruturando os módulos, estágios e visitas técnicas. Hoje, o curso já está com a primeira turma em andamento e com matrículas abertas para a segunda turma presencial. E ainda vamos lançar em breve o mesmo curso na modalidade EAD.
Ao mesmo tempo, fui buscar uma oportunidade como docente em alguma faculdade de Goiás. Entrei em contato com meus professores da graduação, amigos e conhecidos para tentar conseguir iniciar na docência universitária.
Mandei currículos e mais currículos e, após quatro meses, graças a ajuda da biomédica Drª Milce Costa, coordenadora da biomedicina na época, surgiu uma oportunidade para dar aulas de hematologia e parasitologia na Faculdade Evangélica de Ceres.
Foi uma experiência muito boa. Conhecer os estudantes, compartilhar seu conhecimento e também aprender muito com eles. Como a primeira vez a gente nunca esquece, sempre me lembrarei da minha primeira turma de biomedicina. Espero que eles tenham gostado do mesmo jeito que gostei.
Meus primeiros alunos. Sexto período de biomedicina da FACER
Alguns meses após começar na docência, fui em busca de outro sonho meu. Comecei a buscar possíveis laboratórios para fazer o mestrado. Olhei em vários programas da UFG, até que achei um em que o processo seletivo era por meio de prova de inglês e conhecimento específico. Busquei no site os professores do programa e fui olhando seus projetos de pesquisa no currículo Lattes.
Gostei dos projetos da minha atual orientadora, que trabalha com a pesquisa de vírus nos pacientes submetidos ao transplante de medula óssea. Mandei e-mail pra ela perguntando se podíamos conversar. Fui ao laboratório dela, e decidi que tentaria a seleção para fazer o mestrado com ela.
Consegui passar na seleção e dei início ao meu mestrado. Trabalho com um vírus recém descoberto chamado Bocavírus Humano. Tive que padronizar toda a técnica de PCR em tempo real quantitativa, que demorou longos nove meses. Mas deu certo e depois analisei minhas amostras. Hoje já estou qualificado e ano que vem defendo minha dissertação.
Não foi fácil conciliar as aulas em Ceres com o mestrado. Acordava seis da manhã e ia dormir por volta de uma da madrugada. Consegui terminar o semestre bem, mas devido a uma série de fatores tive que deixar a faculdade e fiquei só no mestrado e na coordenação da pós por alguns meses.
Até que surgiu um processo seletivo para professor substituto na UFG para as disciplinas de hematologia e líquidos corporais. Decidi tentar, mas sem muitas esperanças. Fui mais pela experiência. Me preparei bastante e fiz o meu melhor, sabendo que os concorrentes eram muitos bons.
Para minha surpresa, e alegria, o resultado saiu e eu tinha passado. Nem acreditei.
Então agora estou dando aula na UFG para biomedicina e farmácia, também terminando meu mestrado e já com o pé no doutorado e também coordenando o curso de pós na Asgard Cursos.
Como estou cheio de atividades, muitas vezes não tenho tempo suficiente para atualizar o blog com frequência, mas vou fazendo ao poucos. Quando comecei o blog era um estudante de biomedicina, com tempo para escrever e pesquisar coisas interessantes para o blog. Atualmente, a correria às vezes não me deixa atualizá-lo, mas não vou parar.
Então é isso. Queria deixar aqui meu depoimento de como está sendo a minha vida profissional depois de formado. Não é fácil, mas se a gente quiser consegue chegar longe. Não desista!
Minha vida como biomédico após a residência multiprofissional
Em fevereiro desse ano, compartilhei com vocês que mais uma etapa da minha vida/carreira tinha sido concluída, a minha especialização em hematologia e hemoterapia, pelo programa de residência multiprofissional no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG). E, no final do texto, brinquei dizendo que ia descobrir se existe vida pós residência.
Pois bem, escrevo hoje a vocês para dizer que sim, existe vida e ela pode ser bem legal. Pelo menos pra mim está sendo.
Quando a residência estava quase acabando, comecei a pensar o que faria depois. Como me acostumar a ficar sem a bolsa que é oferecida pelo programa? Será que iria conseguir meu objetivo?
A primeira coisa foi ficar um tempinho totalmente de férias, sem fazer absolutamente nada. Afinal, foram dois anos intensos, sem feriados e com plantões aos finais de semana.
Fui convidado então para coordenar o curso de pós graduação em hematologia e hemoterapia da Asgard Cursos, em Goiânia, do prof. Jeff Chandler. Que inclusive está com inscrições abertas, veja aqui.
Mas não quis parar por aí. Comecei a contatar alguns conhecidos para ver se sabiam de alguma vaga para docente de biomedicina em alguma faculdade de Goiânia.
O problema é que, além de não ter experiência como docente, o Brasil estava (e ainda está) em crise econômica e política. Milhões de desempregados.
O cenário também estava mudando no ramo universitário. Grupos comprando instituições de ensino superior, outras faculdades fechando ou extinguindo cursos, diminuição dos auxílios financeiros para os estudantes, professores mestres e doutores sendo demitidos e aulas presenciais sendo substituídas por EAD.
Fiquei desanimado por um período, pois quando iria entrar no mercado pra valer, o cenário não estava nada favorável. Mas não deixei isso me abater e continuei a buscar uma vaga na docência. Mandei alguns e-mails e entreguei na mão de Deus.
Foi então que a coordenadora do curso de biomedicina de uma faculdade localizada a 170 km de Goiânia me retornou dizendo que talvez poderia dar certo. Mandei alguns documentos e aguardei mais um pouco. No final deu certo e hoje estou fazendo aquilo que desde a minha graduação é meu objetivo, ajudar na formação de novos biomédicos.
Abro um parêntese aqui para falar da importância do networking. Em 2014 fui convidado pela coordenadora do curso de biomedicina de uma faculdade para dar uma palestra em Anápolis. Um ano depois ela me indicou para a coordenadora de biomedicina da faculdade onde atualmente estou dando aula para dar uma palestra. Seis meses depois essa coordenadora me retorna dizendo que talvez eu conseguiria dar aula lá. E deu certo. Quanto mais pessoas você conhece maiores são suas chances.
Bom, uma coisa já tinha conseguido. Mas ainda faltava uma vontade pessoal, fazer mestrado.
Procurei várias linhas de pesquisa e orientadores e encontrei uma área que achei interessante. Fiz todo o processo seletivo, e conto isso a vocês com um sorriso no rosto: começarei meu mestrado ainda esse mês.
Vou sobreviver? Não sei. Conto para vocês com o passar do tempo. Mas quero dizer a vocês que é possível, seja lá o que você quer fazer, basta correr atrás.
Não poderia deixar de compartilhar isso com vocês, pois esse é um dos objetivos de eu ter criado o blog. Daqui pra frente vou contar pra vocês como é a experiência de dar aula, de fazer mestrado e de fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Idade para começar a cursar Biomedicina
Uma dúvida bastante peculiar dos leitores do blog, e também dos ouvintes do Biomedcast, é a respeito de idade. Há um grande receio em começar fazer biomedicina, depois de uma certa idade, por medo de ser “muito tarde”. Junto a isso, existem aqueles que além de serem mais velhos que a maioria, vêm de outras áreas, como engenharia, informática, direito etc.
Visto que, a maioria dos estudantes de biomedicina entrou no curso logo após o término do Ensino Médio (Perfil do Estudante de Biomedicina), podemos concluir que eles são jovens, na casa dos 20 anos, ou menos. Então, pessoas com mais idade são menos comuns de se encontrar na biomedicina.
Mas será que o mercado aceita um biomédico, com 30 a 40 anos ou mais, por exemplo, que acabou de se formar?
Bem, uma das dificuldades desses alunos “mais velhos” é que como eles terminaram o Ensino Médio há um bom tempo, pode ser difícil acompanhar o ritmo de alguém que acabou de terminar o terceiro ano. Ainda mais hoje, em que a informação viaja a terabytes por segundo. Muitos têm dificuldades em química, por exemplo.
Mas existem vantagens também. Uma delas é a experiência já adquirida ao longo dos anos. Quando se é muito jovem, ainda permanecem muitas dúvidas e incertezas, características dessa idade. Quando se é mais velho, a maioria dessas dúvidas já não existem mais, e a pessoa tem mais foco e faz o curso aproveitando melhor cada disciplina, e dá mais valor aos professores. Não que quem é jovem não o faça. Mas a imaturidade e aquele pensamento de querer aproveitar a vida e deixar os estudos em segundo plano, pode atrapalhar.
A biomedicina é um curso que te abre as portas para várias possibilidades. Basta pensar, estudar e buscar aquilo que você deseja.
No caso de alguém que vem de outra área, pode ser ainda mais vantajoso. Já tivemos ouvintes que eram da área de informática, e queriam fazer biomedicina. O que acontece é que esse profissional pode unir as duas coisas, ao invés de excluir uma, e partir para a bioinformática, por exemplo. Outro exemplo é de uma pessoa da área de engenharia, que pode uní-la à biomedicina e fazer um mestrado e doutorado em engenharia biomédica. As possibilidades são muitas.
Eu dou exemplo de mim mesmo. Quando comecei na graduação, com meus 17 anos, mesmo estudando muito, minhas opiniões e pensamentos eram muito diferentes do que são hoje em dia. Agora, com 25 anos e acabando a residência em hematologia, posso ver como eu era imaturo, e perdi várias oportunidades por causa disso. Com isso, aproveito cada dia de residência, para poder aumentar meu conhecimento ainda mais e fazer minha rede de contatos crescer. Podem tirar tudo de você, mas nunca seu conhecimento.
Então, na minha opinião, não interessa a idade na qual você começa a fazer biomedicina, o importante é se dedicar, como qualquer outro aluno, e ser o melhor naquilo que faz. No final, suas chances são iguais, ou até melhores, àquelas de quem é jovem e acabou de sair do “colegial”.
#13 Quando começar o curso, Neurociências e Ligas Acadêmicas
Por que a automação não vai tirar seu emprego
Com jejum ou sem jejum, eis a questão! Se William Shakespeare estivesse vivo nos dias atuais e fosse biomédico, provavelmente essa seria a frase dita por ele. A questão, que começou a ser levantada nos últimos congressos relacionados à medicina laboratorial, atualmente está gerando muita polêmica, tanto na comunidade científica/médica como na sociedade em geral.
Segundo dados do IBGE (2009), existem no Brasil aproximadamente 17 mil laboratórios de análises clínicas.
Destaque na mídia
O debate gira em torno da necessidade ou não de se exigir o jejum para a realização dos exames laboratoriais. Existem aqueles que afirmam que o jejum não é necessário e cabe ao médico interpretar os resultados, correlacionando-os com a clínica do paciente. Outros dizem que ainda se faz necessário o jejum, pois todos os valores de referência são estabelecidos com base nele.
Isso levou inclusive grandes portais de notícias e jornais a divulgarem o fim/abolição do jejum, sem termos ainda chegado num consenso, o que pode induzir pessoas a não o realizar corretamente, levando a erros nos resultados. Uma verdadeira falta de responsabilidade por parte desses canais de comunicação.
Opinião
Sabemos que nas grandes cidades o acesso à tecnologia de última geração, pelos laboratórios, é mais fácil, então a metodologia pode não sofrer mais interferência com a alimentação prévia à coleta da amostra. Porém, o Brasil é um país de dimensões continentais e a realidade pode ser bem diferente em cidades pequenas, longe dos grandes centros.
Outro ponto a ser considerado é que ainda existem exames que são totalmente dependentes do jejum, como é o caso da glicemia e os triglicérides. Esses dois exames são uns dos mais solicitados e, de qualquer maneira, mesmo que o paciente tenha outros exames que não exijam jejum, ele terá que realizá-lo por no mínimo oito horas por causa daqueles dois, a não ser que o paciente esteja disposto a “ser furado” duas vezes, em dias diferentes.
Então, na minha opinião, até que entremos num consenso, que sejam elaborados novos valores de referência, que as metodologias não sofram interferências, que existam estudos comprovando a não necessidade do jejum, que os pacientes sejam bem informados, o jejum ainda é sim necessário.
Qual sua opinião?
Você acha que o jejum deve ser abolido ou acha que ainda é necessário fazê-lo?
Meu depoimento após 2 anos como Biomédico
Desde que comecei o blog, ainda um estudante de biomedicina, sempre compartilhei com vocês minhas dificuldades, alegrias, conquistas e falhas.
Às vezes é difícil ficarmos sabendo o que aconteceu com nossos colegas de curso depois que nos formarmos. Cada um vai para um lado diferente e, não sei vocês, mas fico me perguntando como eles estão. Será que conseguiram um bom emprego? Será que estão exercendo a profissão?
Pensando nisso, resolvi compartilhar com vocês o que fiz durante esses dois anos que se passaram, desde minha graduação até hoje.
A primeira coisa que fiz após minha colação de grau foi ir ao conselho regional de biomedicina e dar entrada na minha inscrição, pois na primeira oportunidade que aparecesse já estaria com a documentação pronta.
Ganhei uma bolsa integral e comecei uma especialização em Genética Médica e Biologia Molecular (lato sensu), que acontecia uma vez por mês aos finais de semana. Ou seja, tinha a semana inteira “livre”.
Trabalhava também com o prof. Jeffchandler, biomédico perfusionista, em sua empresa de cursos de extensão na área da saúde.
Não menosprezando as análises clínicas, mas não era meu objetivo trabalhar em um laboratório clínico, por isso mesmo escolhi outra área para me especializar. No decorrer do primeiro ano, surgiram alguns convites para trabalhar em laboratórios clínicos, mas decidi seguir com meu objetivo de ir pra outra área.
Poderia ter trabalhado no mesmo laboratório onde fiz estágio, pois uma das biomédicas mudou de cidade e me indicou. Como seria cômodo. Já conhecia as pessoas e a rotina. Seria uma zona de conforto e tanto!
Às vezes olho para trás e vejo que fui meio maluco. Qual recém-formado dispensa um oferta de emprego? Só o doido aqui mesmo (rsrs).
Passado um tempo, fui desanimando. As coisas pareciam não estar dando certo, o arrependimento bateu, e por alguns momentos passou pela minha cabeça mudar de profissão. Mas como já disse aqui no blog, sempre acontecia alguma coisa boa e essa vontade ia embora. Uma dessas coisas boas é o retorno positivo e carinho que recebo de vocês, leitores do blog. Sem o blog, e o apoio de alguns amigos, talvez não teria persistido.
No final do ano passado me chamou atenção uma tal de residência multiprofissional. Fui pesquisar mais sobre o assunto e acabei descobrindo que na minha cidade tinha o programa, incluindo a biomedicina.
Com uma carga horária maior que todo meu curso de graduação, a oportunidade de ganhar experiência e ainda estudar numa instituição federal, com profissionais de diversas áreas, me pareceu uma boa ideia.
Mas como nada vem fácil, para chegar lá teria que passar pelo processo seletivo. Após um mês estudando intensamente, sem sair de casa, e com ajuda de Deus, conseguir passar.
Hoje estou fazendo residência em Hematologia e Hemoterapia e a experiência é única. Como na vida, nada é perfeito, mas está valendo a pena.
O que aprendi
Não foi fácil. Mas tudo que vem fácil na vida não damos o devido valor. O que eu tirei disso tudo, e que posso passar para vocês é que, se você tem um objetivo não desista dele.
As dificuldades virão, por isso foco e perseverança são essenciais. Não tenha medo de arriscar, afinal somos jovens e temos muito tempo pela frente. Falhar faz parte do processo, e mais importante, aprender com os erros é uma das matérias da escola da vida. Quem acredita sempre alcança.
Quando fiquei sabendo que tinha ganhado a bolsa do PROUNI para fazer biomedicina em uma faculdade particular eu pensei uma, duas, três vezes para ver se eu realmente queria o curso.
Contei para minha mãe, e me lembro como se fosse hoje: um dia um pouco nublado e frio, estávamos dentro do carro chegando em casa, quando falei para ela que tinha ganhado a bolsa.
Falei também que estava em dúvida se era isso mesmo que queria. E ela, com toda sua sabedoria e experiência, me disse: “Filho, você está novo. Comece a fazer e se não gostar, procure outra coisa”.
Então lá fui eu conhecer a tal da biomedicina.
Não deu outra. Aquela sensação de estar dentro de um laboratório, vestir um jaleco, conhecer o corpo humano de tão perto. Saber como ele funciona, tanto na saúde como na doença, entender o porquê dos exames, sua importância. Tudo muito impressionante para mim. E por aí foi.
Mas Brunno, você nunca pensou em desistir? Tenho que confessar. Em alguns momentos de fraqueza já pensei em largar tudo, mas sempre em seguida acontecia algo bom e essa vontade ia embora. Isso é normal do ser humano.
Durante seis anos, desde o início da minha graduação até hoje, vejo muitas pessoas reclamando da profissão; não sei explicar o porquê, mas essa negatividade não me afetou. Talvez seja por isso que consegui dar continuidade ao blog, que aliás esse ano completa 5 anos de vida.
O cenário poderia ser melhor? Claro que sim. Mas nem por isso escolhi ficar reclamando da profissão e brigando com outros profissionais sobre isso. Farei tudo que estiver a meu alcance para ajudar a melhorar.
É mais fácil colocar a culpa da sua falha em alguém ou em algo (como na biomedicina) do que assumir que você errou e precisa melhorar, fazer algo diferente. Não fique tentando achar justificativas.
Estou rico? Não. Nunca foi esse o meu intuito. Mas dinheiro não é um problema para mim. E não deveria ser para ninguém. Por que você faz o que você faz? Não falo pelo dinheiro – isso é um resultado. Digo, qual sua causa, seu propósito, sua crença? Pense nisso!
Eu escolhi um caminho diferente. Um caminho que já me levou a vários lugares legais, a conhecer pessoas incríveis e, mais recentemente, que me deu a oportunidade de compartilhar um pouco do que sei com outros estudantes, em uma palestra.
Tenho muitos planos para minha carreira. Vou dar o melhor de mim para chegar onde quero chegar.
Meu conselho é que vocês também comecem a olhar as coisas com outros olhos. Os bons exemplos estão por todos os lados. Inspire-se neles e faça a diferença!
Experimentos com animais: ruim com eles, pior sem eles [opinião]
Esses dias um assunto polêmico veio à tona com força total, pesquisas e experimentos com animais, depois que ativistas invadiram um instituto de pesquisa para “resgatar” cães da raça beagle.
De um lado estão os ativistas defensores dos animais, de outro, os pesquisadores e cientistas. Quem está certo e quem está errado?
Como biomédico, não poderia deixar de dar minha opinião. As pesquisas com animais foram e são essenciais para o desenvolvimento de novas drogas e tratamentos. Não sou a favor dos maus tratos, mas são graças a esses animais que hoje temos vacinas, medicamentos e tratamentos que nos protegem das mais variadas doenças.
Fazendo meu TCC, que foi uma revisão bibliográfica, lembro de que pelo menos 70% dos artigos de periódicos famosos, como a Science, tinham em sua metodologia experimentos com camundongos e ratos. Eram pesquisas com alto grau de sucesso e serviam para o desenvolvimentos de novos tratamentos para o câncer. Infelizmente não há como fazer de outro modo, por enquanto.
Quantos cachorros estão nas ruas das cidades, morrendo, por causa de abondono de seus próprios donos? Se o animal é bonitinho é algo absurdo, mas se é um rato, por exemplo, não há problemas.
Não precisamos ir longe, basta olhar nossas refeições: carne de vaca, porco, frango, peixe, entre outras. Esses animais vivem para um único propósito, morrer e virar comida. A maioria das pessoas não tem dó.
Eu tenho dois cachorros e sempre gostei de animais, inclusive desde pequeno dizia que queria ser biólogo, mas nem por isso sou radical e discordo desses experimentos.
Legislação
No Brasil, a Lei Arouca (2008) regulamenta a experimentação animal. As instituições que usam ou criam animais para fins científicos devem estar registradas e criar suas Comissões de Ética no Uso de Animais (Ceua), formada por pesquisadores e integrantes da sociedade de proteção aos animais, que tem como função examinar se os experimentos estão de acordo com a lei. Com a regulamentação, o objetivo é que o número de animais usados em testes seja reduzido.
E você, concorda com a utilização de animais em pesquisas ou é contra?
Respirando Biomedicina: Experiência com parasitologia na graduação
A parasitologia é uma das áreas da biomedicina que poucas pessoas realmente se interessam. No texto a seguir o biomédico Bruno Barbosa faz uma reflexão sobre sua importância.
Foto por UW-Madison, University Communications
“Desde a sua criação, na década de 60, a Biomedicina nunca esteve em voga como agora. Jornais, revistas, sites, propagandas e anúncios buscam, ainda que paulatinamente, exortar aos novos vestibulandos sobre essa área que cresce de uma forma surpreendente. Entretanto, o que se vê nos meios de comunicação são as temáticas que mais impactam a saúde pública, como a Genética, a Bacteriologia, a Virologia e a Reprodução Assistida. Não podemos ser hipócritas em afirmar que estas ciências não são importantes, porém é fundamental que a propagação do conhecimento seja igualitária em todos os panoramas do curso. Dentre esses está a Parasitologia – ciência que estuda os parasitos propriamente ditos (protozoários, helmintos e artrópodes), seus hospedeiros e vetores, bem como suas inter-relações.
Bruno Barbosa Pacifico,
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical (Fiocruz/RJ)
A Parasitologia é uma área extremamente interessante, principalmente na abordagem das chamadas doenças tropicais negligenciadas (DTNs), que acometem milhares de pessoas em todo o mundo. Sua criação foi baseada na necessidade da busca do conhecimento e da cura de doenças que se manifestavam em pacientes no século XIX. Decanos do Sanitarismo e da Infectologia, como Adolpho Lutz, Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, nos deram o prazer de identificar formas evolutivas parasitárias que hoje sabemos serem oportunistas e, eventualmente, devastadoras nos seus hospedeiros.
A paixão pela Parasitologia surgiu de uma maneira quase que mágica. O fato de ter adquirido os primeiros conhecimentos ainda nos ensinos fundamental e médio, com a elucidação na Universidade, tudo isso se tornou o ponto-chave para o início do verdadeiro “casamento” entre mim e os “bichinhos” nojentos ou repugnantes, como já ouvi falar diversas vezes. Foi exatamente assim que me encontrei na primeira aula da disciplina na Universidade Federal Fluminense (RJ), já que confesso ter sido amor à primeira vista. O tempo foi passando e as decisões sendo tomadas e, depois de passar por diversos laboratórios de pesquisa, me realizei na identificação de estruturas parasitárias em amostras de alfaces crespas, provenientes de feiras livres de dois bairros cariocas. Saber que eu podia auxiliar na qualidade das hortaliças oferecidas, sugerindo medidas profiláticas no combate a eventuais contaminações, foi de sumo prazer acadêmico e evolução pessoal.
Apesar da área de Parasitologia caminhar no cenário científico, tem-se observado uma insistente resistência dos discentes em tentar se abrirem a estes conhecimentos para se aprofundarem nas suas indagações. Este fato é, de certo modo, desanimador, pois ainda vemos alunos apáticos e desinteressados por essa área tão brilhante e carente de profissionais. O recebimento de amostras, o preparo de soluções, a visualização do material, o meter a “mão na massa”? “Ai, que nojo”! “Não vou meter a mão nessas coisas”! Todas estas reações são tão comuns! Todavia, o que precisamos compreender é que todas essas etapas são a vida dos parasitologistas, sejam eles da pesquisa científica ou das análises clínicas, porque eles possuem um verdadeiro mundo em suas mãos. Produzir artigos, fornecer resultados e buscar novos tratamentos para as mazelas parasitológicas são desafios que nos instigam a superar nossas limitações.
O que deve ser reiterado é que a Parasitologia ainda clama por indivíduos interessados, capacitados e dispostos a descobrir a solução de problemas que são esquecidos por quem deveria fortemente nos proteger, os governantes. Exatamente, a mesma cúpula de governantes que preferem atender aos seus interesses a ajudar quem precisa de intervenções médicas. As parasitoses são enfermidades inadmissíveis no Brasil, porque são causadas, principalmente, pela falta de saneamento básico e de programas de educação em saúde, pontos ainda galopantes no país. Nós, biomédicos, e aqueles em formação, temos a obrigação de nos mobilizarmos frente aos cidadãos, na tentativa de reverter essa situação vergonhosa.
Espero, ansiosamente, que novos alunos se interessem pela Parasitologia e comecem, desde já, a desenvolver projetos de pesquisa ou ingressar em laboratórios de análises clínicas, evoluindo como profissionais. Desejamos, também, que a consciência “parasitológica” venha nos envolver ainda mais, já que seremos divulgadores da informação, a serviço da Ciência e da população.”
Bruno Barbosa Pacifico
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical (Fiocruz/RJ)
“Esse cara dá muita sorte para arrumar bom emprego”.
Quem nunca ouviu ou até disse, em algum momento da vida, essa frase se referindo a algum amigo ou conhecido que sempre consegue aquela vaga cobiçada por todos?
Será que apenas um golpe de sorte determina o sucesso de um profissional?
Será que é sorte?
Nada em exagero é bom. O ideal é sempre tentar buscar o equilíbrio. E na biomedicina não é diferente. Você tem que conciliar os estudos com o mercado de trabalho, se quiser ter uma carreira promissora.
Não foque 100% nos estudos
Claro que estudar é extremamente importante, mas você não pode fechar os olhos para a parte profissional. Se você quiser sair da graduação com um emprego, tem que começar a ficar atento já na faculdade.
Rivalidade entre as profissões da área da saúde
Quem nunca viu um médico falar mal de um enfermeiro, ou um farmacêutico de um biomédico? No Brasil existe uma certa rivalidade entre essas e outras profissões. Não são todos os profissionais que são assim, mas vez ou outra presencio algo do tipo. E, geralmente, começa na faculdade.
Já ouvi falarem que enfermeiros são médicos frustrados, que biomédicos estão roubando o espaço dos farmacêuticos, fisioterapeutas só sabem fazer massagem, etc.
Quanto um Biomédico merece ganhar? - OPINIÃO
Frequentemente recebo mensagens de estudantes e profissionais reclamando do salário do Biomédico. Outros, pelas redes sociais, já se auto proclamam desempregados antes mesmo de se formar, sem nenhum otimismo.
Antes de você prosseguir com a leitura, responda a seguinte pergunta, que o Biomédico Perfusionista, Dr. Jeffchandler, sempre faz aos seus alunos:
Retirada do Comunicadores.info
Decidi escrever esse post para refletirmos um pouco sobre nosso jeito de se expressar na vida online. E o que me fez tomar essa decisão, foi um comentário feito no canal do blog no YouTube (youtube.com/biomedicinabrasil).
Uma pessoa comentou no vídeo “Trailer – Dia do Biomédico” o seguinte:
“comentei aqui e fui CENSURADO? É um coitado, garoto coitado brincando de ser Biomédico!”
Antes de saber o que aconteceu, a pessoa ofende, julga os outros e fala o que quer sem pensar nas consequências. Acha que só por que está na frente de um computador é inatingível e superior.