Setembro: pior mês para as bolsas terá 15 dias que podem mudar a crise

Primeira quinzena do mês trará decisões do BCE e do Federal Reserve, além da aprovação do fundo permanente de resgate e encontros políticos

Fernando Ladeira

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Setembro não é um bom mês para as bolsas. Pelo menos essa é a conclusão de um estudo conduzido pelo site norte-americano CNBC, que compilou dados desde 1896 para chegar à conclusão de que o nono mês do ano costuma ser o pior para o índice Dow Jones.

Em média, desde 2000, o índice registra quedas de 2,12% sempre que passa por um setembro – o segundo pior mês para as bolsas é junho, em retração de 1,75%. Além disso, o mês ainda está na memória recente dos investidores por conta de um evento que assombra até os pregões atuais: foi em 15 de setembro de 2008 que o Lehman Brothers quebrou e deu início a uma sequência de enormes perdas nos mercados acionários globais.

Mundo a caminho da recessão…
Além disso, é em setembro que os norte-americanos e europeus retornam de suas férias de verão, o que costuma deixar o noticiário mais movimentado. E as perspectivas não são boas. Com dados ruins para as principais economias do globo em agosto, crescem as apostoas de que os EUA passarão por uma recessão já no próximo ano. Há até quem diga, com certeza absoluta, que o mundo inteiro passará por um período de retração.

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Mas as bolsas não seguiram esse pessimismo. O Ibovespa, por exemplo, terminou agosto com ganhos de 1,7%. A explicação para isso são as fortes expectativas por decisões de política monetária, que acontecem neste início de mês e podem mudar o rumo das maiores economias do mundo.

…mas autoridades inflam expectativas
A depender das declarações das autoridades monetárias, a chance de novos incentivos parece grande. A última ata do Fomc (Federal Open Market Committee) mostrou que novos estímulos devem ocorrer em breve, caso a economia não dê sinais de melhora. Enquanto isso, o presidente do BCE (Banco Central Europeu) Mario Draghi, que cancelou seu discurso no aguardado simpósio de Jackson Hole por excesso de trabalho, já alertou que a autoridade monetária pode adotar medidas emergenciais.

Em relatório, Daniel Cunha, da equipe de análise da XP Investimentos, alertou no final de agosto que os investidores continuam a se antecipar às medidas paliativas para resolver a crise na Zona do Euro e aos estímulos por parte dos bancos centrais nos EUA e na China, o que pode ser perigoso. “Portanto, isso pode se mostrar verdadeiro e impactar positivamente os mercados, que continuarão estendendo as altas e testando novas máximas locais. Ou podemos ver mais um capítulo de frustração e voltarmos para a estaca zero”, alerta.

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Calendário da crise
Por isso, além de possíveis estímulos na China durante o mês – onde não há uma data específica para o comitê de política monetária se reunir -, os investidores devem acompanhar com muita atenção os próximos eventos na Europa e nos EUA, que se concentrarão nesta primeira metade de setembro e poderão mudar o rumo da crise:

“Enquanto o mês progride e a aguardada aprovação do ESM pela corte constitucional alemã estiver fora do caminho, os mercados provavelmente esperarão que chegarão muito perto de uma real interveção logo depois do encontro de ministros do Eurogrupo em 14 de setembro”, escreve em relatório Janet Henry, analista do HSBC.

Agora, resta esperar para saber se esses acontecimentos levarão os investidores a seguirem o ditado “sell in may and go away; come back on St Leger day [tradicional corrida a cavalo no Reino Unido, que acontecerá em 15 de setembro neste ano]”. Em português, ele significa “venda em maio e vá embora; volte no dia de St. Leger”.