Fóssil de mamãe plesiossauro encontrado com fóssil do feto junto

Os plesiossauros são animais fantásticos. Ou eram, já que estão todos extintos. Por algum tempo ele foi confundido com um lagarto, pois William Conybeare disse que ele (o plesiossauro, e não Conybeare) tinha mais aparência de réptil do que algo similar ao ictiossauro, outro réptil descoberto um tanto antes (não, o ictiossauro não é um peixe com megalomania). Assim, para o "genial" Conybeare, o ictiossauro não era réptil de verdade e o plesiossauro estava mais próximo dos lagartos. Ele não era muito espero (Conybeare, e não o plesiossauro). Mais uma coisa: plesiossauros não eram dinossauros.

Já se encontrou outros fósseis de plesiossauro por aí, mas o que alguns pesquisadores acharam é uma espécie de Kinder Ovo Pré-histórico: uma plesiossaura grávida, com o fóssil do feto juntinho. Família que se fossiliza unida, permanece fossilizada.

O dr. F. Robin O’Keefe — professor associado do Departamento de Biologia da Universidade Marshall, em Huntington, Virgínia Ocidental — e o dr. Luis Chiappe, diretor do Instituto Dinossauro, no Museu de História Natural e professor adjunto de Ciências Biológicas da Universidade do Sul da Califórnia, descobriram um fóssil diferente dos milhares que foram encontrados até agora. Neste caso é o de uma mamãe plesiossauro, com um lindo bebezinho em seu ventre, ainda por nascer, onde ambos foram mortos por algum evento e acabaram dando a questionável sorte de serem preservados, coisa muito rara entre os seres vivos, pois, ao contrário do que muitos podem pensar, fossilização não é um processo simples e 90% das espécies que viveram no planeta não foram preservadas e sequer temos ideia de como eles eram.

Abaixo, vemos os restos de mamãe e filhinho, com destaque para o bebê (clique para ampliar).

A ideia pode parecer bizarra, mas não é. Viviparidade não é algo tão incomum em répteis e peixes (além de, obviamente, mamíferos, com exceção do ornitorrinco). Da mesma forma, outros répteis pré-históricos apresentaram a capacidade de gerar um filhote em seu próprio ventre, como foi o caso dos mosassauros também. Hoje vemos cavalos-marinhos (que é um peixes) e alguns lagartos que possuem este tipo de reprodução.

Até agora, nenhuma não havia nenhuma evidência de como os plesiossauros se reproduziam. Isso é importante, não só para entender mais sobre o aspecto biológico, como social também, pois um filhote nascido vivo necessita de cuidados dos pais. O fóssil encontrado mostrava um outro fóssil próximo ao eu ventre, o que foi uma sorte, já que o processo de fossilização é demorado e difícil de ocorrer. Não é à toa que larga maioria das espécies que viveram até agora não foram fossilizadas. A pesquisa foi publicada na revista Science.

O feto tem cerca de 1,5m e, dado o tamanho, já estava bem grandinho e pronto para nascer, pena que a Natureza não se importe muito com grávidas e, nesse caso, a vida não teve como dar jeito nenhum. Abaixo vemos a relação de tamanho entre o filhote e a mamãe,que tinha cerca de 5 metros de comprimento.

A estratégia evolutiva de caminhar para gerações vivíparas se baseia no fato de "quanto melhor, melhor ainda". Tomemos o exemplo de um animal pouco evoluído como um ouriço do mar. Qualquer ameaça à sua vida (como injetar solução de cloreto de potássio nele), ele expele seus gametas de uma vez só. Se, por um acaso e como quem não quer nada, algum gameta de outro ouriço passar por ali, poderá dar início a mais um ciclo de vários ouricinhos felizes. Conforme escalamos nos degraus evolutivos, vemos que a tendência de ter menos filhos se torna mais provável, já que aí teremos animais com melhores adaptações e não é por um acaso que gêmeos em seres humanos sejam mais raros do que ter um filho a cada ninhada. Dessa forma, quando uma espécie deixa de ser ovípara (onde pode pôr mais de um ovo de cada vez) para vivípara (onde o filhote é inteiramente gerado no ventre e já sai prontinho do "forno") ela corre menos risco de predadores (não que não haja este risco), já que atacar um ovo é mais fácil. Aliado a isso, para os pais fica mais fácil proteger um único filhote do que um monte deles.

Aqui vemos qual caminho que foi tomado e mais uma peça do quebra-cabeça evolutivo foi posta no lugar. Só peço uma coisa: Não deem ouvidos aos idiotas que dizem que o monstro do lago Ness é um plesiossauro. Os bons répteis não merecem ser comparados com um mito ridículo.

8 comentários em “Fóssil de mamãe plesiossauro encontrado com fóssil do feto junto

  1. Este animal deveria ser realmente fascinante. Agora, se me permite, uma pequena correção no texto. Está incorreto afirmar: “A estratégia evolutiva de caminhar para gerações vivíparas se baseia no fato de “quanto melhor, melhor ainda”. Tomemos o exemplo de um animal pouco evoluído como um ouriço do mar.”
    Em processos evolutivos não existe “quanto melhor, melhor ainda”. E não há “animais pouco evoluidos”. A evolução não se traduz por melhorias e de mais ou menos evoluidos. O que ocorre são adaptações e que se pode considerar mais primitivas ou mais derivadas, sem méritos ou aprimoramentos.

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  2. Pesiossauros são animais bem populares. Virraram lendas, são personagens de filmes, desenhos animados e video-games. Agora soube que eles eram vivíparos. Me impressionei. Será que os mosassauros também eram?

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  3. Quando vi a noticia no DM fiquei muito empolgada. Como dizia no artigo, era praxe desde a descoberta do Pleiso a 200 anos atrás, dizer que ele saia do oceano para enterrar seus ovos em praias e abandonava os filhotes. Agora ter a prova que eles eram vivíparos é muito empolgante *-*

    Também temos ai um modelo, quem sabe até antepassado, dos golfinhos e das baleias (nao que seja fato, mas ha a possibilidade).

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  4. Na verdade, o que se pode deduzir é que a classe dos répteis, por ser polifilética, precisa de uma revisão de sistemática. O pessoal da Taxonomia já há muito pensa em rever essa situação. Mas é um trabalho absurdo de grande, convenhamos. Já houve a separação, há algum tempo, dos dinossauros do grupo, o que ajudou a compreender bastante o que representam os detalhes, as minucias e as nuanças existentes. Crocodilianos para um lado, testudinatas para outro e lacertideos em outro agrupamento é a classificação que será feita no futuro.

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    1. Faz-se uma necessária correção. Onde se lê polifilética, entenda-se parafilética.
      Considera-se o grupo RÉPTEIS parafilético por se deixar ave e mamíferos de fora, cujo ancestral é comum com vários descendentes.

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