Após pedido de Aécio, delator diz que R$ 9 milhões saíram do caixa 2 da Odebrecht para aliados do tucano

    Declaração foi dada à Justiça Eleitoral pelo ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ.

    Conhecido como o elo da Odebrecht com boa parte do mundo político que vive fora de Brasília, o ex-presidente do segmento de Infraestrutra da empresa Benedicto Júnior, conhecido como BJ, disse que o caixa 2 da companhia abasteceu campanhas de aliados do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

    Em depoimento prestado à Justiça Eleitoral nesta quinta-feira num processo que pede a cassação da chapa Dilma/Temer, BJ disse que, após pedidos de ajuda de Aécio, ele viabilizou doações somando R$ 9 milhões a aliados do tucano.

    De acordo com seu depoimento, os recursos foram destinados a Antonio Anastasia (que disputou e ganhou uma cadeira no senado), Pimenta da Veiga (foi candidato derrotado ao governo de Minas) e Dimas Fabiano Toledo Junior (filho do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. Ele conseguiu se eleger para a Câmara pelo PP).

    O senador ainda teria pedido recursos para o pagamento de um dos marqueteiros de sua campanha presidencial Paulo Vasconcelos.

    O delator destacou que, no caso do marqueteiro, o pedido teria sido de R$ 6 milhões, mas a Odebrecht só disponibilizou R$ 3 milhões.

    Apesar do pedido para o financiamento, o delator disse que Aécio não requisitou especificamente recursos de caixa 2, mas somente uma ajuda da empresa para as campanhas dos aliados.

    As revelações de BJ causaram um alvoroço na audiência desta quinta-feira.

    Como o processo debate a chapa Dilma/Temer, a defesa do PSDB tentou impedir BJ de falar e pediu para o ministro relator do processo no TSE, Herman Benjamin, apague as declarações do vídeo que é gravado na audiência e não use as transcrições no processo. O pedido ainda será avaliado.

    BJ ainda disse que sua delação premiada no âmbito da Lava Jato possui 60 anexos. Ou seja, mesmo sem revelar o conteúdo, deixou claro que possui material contra diversos políticos e campanhas no país.

    Antes de ser interrompido, ele ainda destacou que houve desvios nas obras da usina de Belo Monte para o caixa do PMDB, mas não deu mais detalhes do caso.

    Sobre a chapa Dilma/Temer, especificamente, BJ não falou muito. Segundo ele, sua operação era fora de Brasília e ligada às candidaturas de governos estaduais, senadores e deputados.

    OS CAIXAS DA ODEBRECHT

    Em seu depoimento, BJ disse que, no início de 2014, numa reunião com diversos dirigentes da Odebrecht, ficou acertado que companhia faria doações de cerca de R$ 200 milhões para as campanhas Brasil afora.

    Do montante, e segundo o delator em valores aproximados, R$ 120 milhões seriam de caixa 1, R$ 40 milhões seria repassados às campanhas através do que chamam de caixa 1 de terceiros.

    Na prática, a Odebrecht pedia para empresas parceiras, como a Itaipava — fizessem as doações e depois acertassem com a própria empreiteira.

    E, outros cerca de R$ 40 milhões, via caixa 2.

    OUTRO LADO

    A assessoria de Aécio Neves divulgou uma nota sobre o depoimento de Benedicto Júnior. Segue:

    "O senador Aécio Neves solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei.

    Como já foi divulgado pela imprensa, o empresário Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais."

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