Por G1 BA


Hotel Pestana em Salvador fechou em 2016 — Foto: Maiana Belo / G1 BA

Em cinco anos, 29 hotéis fecharam as portas em Salvador, segundo informou ao G1 o presidente do Conselho Baiano de Turismo (CBTur), Roberto Duran. Para os representantes do setor turístico, a forma de reverter o cenário atual de crise é investir no turismo de negócios.

O Othon Palace Hotel, não está na lista de fechados, mas já anunciou o fim das operações na capital baiana e deve funcionar até 18 de novembro. O último hotel a encerrar as atividades foi o Portal da cidade, que ficava ao lado da Rodoviária de Salvador. Ele foi fechado na semana passada, segundo disse Duran.

O G1 tentou contato com o Sindicato dos Empregados em Hotéis Bares e Similares, para saber quantas pessoas foram demitidas nos últimos 5 anos, mas não conseguiu contato. Conforme Duran, houve a perda de 30 mil postos de emprego no seguimento do turismo, no geral.

Conforme dados do Conselho, em maio de 2015, a capital baiana tinha 468 hotéis. Em janeiro de 2017, eram 407 hotéis na cidade, uma queda de 13,03% em dois anos. Os dados do CBTur apontam que o maior número de estabelecimentos turísticos fechados foi registrado entre 2015 e 2017. [Confira a tabela abaixo]. Atualmente, Salvador possui 402 hotéis com cerca de 40 mil leitos.

Estabelecimentos com características turísticas de Salvador

Categoria Dados de maio de 2015 Dados de Janeiro de 2017 Variação %
Hotéis 468 407 -13,03%
Apart-hotéis 6 6 0
Motéis 21 18 -14,29%
Restaurantes e similares 5.248 3.367 -35,84%
Bares/outros especializados em servir bebidas 2.700 959 -64,48%
Lanchonetes, casas de chás e similares 4.062 1.853 -54,38%
Serviços de Ambulantes de alimentação 4.567 40 -99,12%
Agências de viagens 1.049 606 -42,23%
Operadores turísticos 184 56 -69.57%

Conforme dados do Conselho Baiano de Turismo, o seguimento turístico representa, em Salvador, 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Para a Bahia, representa 7,5% do PIB, além de ser responsável, por 20% do emprego formal no estado.

Turismo de negócios

Antigo Centro de Convenções da Bahia — Foto: Adriana Oliveira/ TV Bahia

Roberto Duran contou que a capital baiana perdeu a capacidade de fazer esse turismo de negócio desde 2013, quando o Centro de Convenções da Bahia (CCB), que tinha capacidade para cerca de 15 mil pessoas, fechou. O local passaria por obras em 2015, mas em setembro de 2016, parte da fachada do prédio desabou. Desde então, o destino do Centro de Convenções está em análise, segundo informou o governo do estado, responsável pelo CCB.

“O turismo de lazer é poético, mas isso é sazonal, não garante cadeia produtiva de negócio. O que realmente mantém destino chama-se turismo de negócios, aquele que se faz congressos e demais eventos relacionados ao seguimento”, relatou Duran.

O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), Silvio Pessoa, concorda com Duran e lamentou não apenas a saída do Othon de Salvador, como também a perda do Centro de Convenções que funcionava no local e tinha capacidade para três mil pessoas.

“O que aconteceu com o Othon não é momentâneo, é resquício passado. Não será surpresa se demais hotéis fecharem as portas”, contou Pessoa.

O presidente da FeBHA detalhou que, em 2018, houve uma melhora no setor hoteleiro, mas não resolveu a situação econômica de muitos estabelecimentos do seguimento.

"Os prejuízos foram de anos. Até para conseguir empréstimos é necessário estar em dia com documentações e financeiramente, mas muitos já estão endividados", detalhou.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH-BA), Glicério Lemos, informou que este ano, de janeiro até setembro, a ocupação hoteleira de Salvador foi de 61,29%. O índice foi maior do que no mesmo período do ano passado, conforme disse Lemos. Entretanto, para ele, essa alta não possibilitou que os hotéis atingissem um ponto de equilíbrio para o pagamento das contas. Com isso, mais de 90% dos hotéis trabalham no vermelho na capital baiana.

"O aumento da ocupação hoteleira foi de 15% no primeiro semestre desse ano, comparado ao ano passado, mas não foi suficiente para melhorar a situação dos hotéis", detalhou.

Sobre o Centro de Convenções da Bahia, o governo do estado informou por meio de nota, que o projeto do novo do espaço está em fase de consolidação para o lançamento do edital.

Informou ainda que o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), para a construção e administração do equipamento, recebeu da empresa REAG uma proposta de construção do CCB no Parque de Exposições, localizado na Avenida Paralela. Segundo o governo do estado, o projeto proposto agrega restaurantes, centro de compras, hotéis e estacionamento, além de ser planejado próximo à estação de metrô e perto do aeroporto.

A prefeitura de Salvador também possui um projeto de um Centro de Convenções na cidade. Diante dessas duas possibilidades, os representantes dos setores turístico e hoteleiro têm esperanças de que a crise pode ser superada.

Estabilidade do negócio

Para Roberto Duran, o setor hoteleiro não precisa ser apenas alavancado novamente, mas é importante que a estabilidade do setor seja mantida.

“Qualquer destino do mundo se desenvolve com três pontos fundamentais, logística, acessibilidade, que é a entrada e saída, e Centro de Convenções, que garante a longevidade do destino. Isso é importante para que toda a cadeia produtiva se desenvolva. Os hotéis são apenas a ponta do iceberg no setor, que é o que mais aparece aos olhos das pessoas, mas tudo que existe entre o cliente e os hotéis fazem parte da cadeia, como por exemplo, restaurantes e transporte”, disse Duran.

Para tentar "sobreviver" durante esse período que o Centro de Convenções da Bahia está fechado, diversos eventos foram realizados em Salvador, nos Centros de Convenções de grandes hotéis da capital baiana.

“Ainda temos o Centro de Convenções do Hotel Fiesta, com capacidade para 2.500 pessoas e do Gran Hotel Stella Maris, para cerca de duas mil pessoas, que foi o que deu suporte ao seguimento”, disse.

Duran também falou sobre a importância do aeroporto de Salvador para o turismo.

"Quando temos um terminal inadequado, é claro que impacta negativamente para o turista, isso pode trazer uma imagem ruim do destino, mas acredito que com a conclusão das obras previstas para outubro do ano que vem, as coisas vão melhorar bastante", contou.

O aeroporto da capital baiana já foi considerado o pior entre os 20 maiores aeroportos do país. Até dezembro de 2017, o aeroporto era administrado pela Infraero. Em março, a empresa Vinci arrematou o terminal por R$ 1,59 bilhão. A concessionária iniciou em abril deste ano a primeira fase das obras de modernização e expansão do equipamento, com previsão de conclusão para outubro de 2019.

Imagem aérea do Aeroporto de Salvador — Foto: Manu Dias/ Secom

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