Economia

Cabo submarino que ligará Brasil à África terá capacidade de 40 terabits por segundo

Sistema conectará Luanda a Fortaleza e poderá turbinar conexões internacionais de internet de indústrias como mídia, petróleo e finanças

António Nunes: empresário quer fazer de Angola um hub para a internet africana. Com o sistema de cabos, Brasil poderá se ligar à Ásia sem passar pela Europa
Foto: / Foto André Machado
António Nunes: empresário quer fazer de Angola um hub para a internet africana. Com o sistema de cabos, Brasil poderá se ligar à Ásia sem passar pela Europa Foto: / Foto André Machado

RIO - Seis mil quilômetros de cabo de Luanda, capital de Angola, até Fortaleza, no Ceará. Com capacidade de 40 terabits por segundo para conexões internacionais de internet. Ou seja, 40 trilhões de bits transmitidos a cada segundo. Eis a essência do South Atlantic Cable System (SACS), sistema de cabos submarinos que a operadora Angola Cables pretende instalar até o final de 2015 ou início de 2016 na região. Segundo o presidente da empresa, António Nunes, é o primeiro cabo submarino no Hemisfério Sul a ligar o Brasil à África. O investimento é de US$ 160 milhões e a construção começa em breve.

— O objetivo é conectar o Brasil mais rapidamente à África e à Ásia, sem ter de passar pelos hubs europeus — explicou Nunes ao GLOBO em passagem pelo Rio. — Ao mesmo tempo que construímos o SACS, pretendemos ampliá-lo, fazendo extensões para Santos, em São Paulo, e para Miami, nos EUA. Será um investimento extra de mais uns US$ 100 milhões, e se tudo correr bem, pretendemos inaugurar essas extensões ao mesmo tempo que a ligação entre Fortaleza e Luanda.

Com isso, as rotas internacionais da internet a partir do Brasil ficarão mais diversificadas e permitirão mais agilidade nos negócios. De acordo com Nunes, entre as principais indústrias beneficiadas com a nova conexão (ele diz que recebeu todo o apoio do governo brasileiro para o projeto) estão a da mídia, a financeira e a petrolífera.

— Hoje o conteúdo da internet é muito desenvolvido em vídeo, e o SACS permitirá a transmissão mais rápida desse conteúdo multimídia — comenta o executivo. — Da mesma forma, a Petrobras poderia controlar remotamente de forma mais dinâmica uma prospecção em Angola, digamos.

No caso do setor de finanças, o SACS permitirá uma aproximação via África entre as bolsas de valores de São Paulo e Hong Kong, turbinando as operações no pregão.

— Isso é crítico para as bolsas, já que, como sabemos, segundos nessa área podem representar ganho ou perda de milhões de dólares — atalha Nunes.

A nova conexão submarina não significa, entretanto, que tecnologias wireless como 4G ou Wi-Fi, consideradas de “última milha”, serão beneficiadas. Os cabos visam a aperfeiçoar a infraestrutura cabeada de internet entre os continentes.

Do ponto de vista africano, a meta da Angola Cables é tornar Angola um hub no continente e permitir a troca cultural on-line entre seus países.

A companhia operará sozinha o SACS, mas para as extensões fará parte de um consórcio, que contará com parcerias brasileiras, diz Nunes, sem no entanto revelá-las.