VAZ, ZEFERINO

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Nome: VAZ, Zeferino
Nome Completo: VAZ, ZEFERINO

Tipo: BIOGRAFICO


Texto Completo:
VAZ, ZEFERINO

VAZ, Zeferino

*rev. 1932; reitor UnB 1964-1965.

 

Zeferino Vaz nasceu na cidade de São Paulo no dia 28 de maio de 1908, filho de José Vaz e de Isolina Perez Vaz.

Fez os estudos primários e secundários no Liceu Coração de Jesus, dirigido por padres salesianos, em sua cidade natal. Foi autor do grupo teatral do colégio, tendo Rodolfo Mayer como companheiro em várias peças. Pioneiro no cinema brasileiro, representou o papel principal do filme Como Deus castiga, rodado em 1921 e produzido pela Companhia Romeiros do Progresso, sob a direção de José Medina. Em 1926 ingressou na Faculdade de Medicina de São Paulo e, dois anos mais tarde, tornou-se monitor da cadeira de parasitologia ministrada pelo professor Lauro Pereira Travassos. Ainda estudante, tornou-se por volta de 1928 estagiário no Instituto Biológico de São Paulo. Nomeado assistente em 1930, fundou, juntamente com Clemente Pereira, a seção de parasitologia animal. Formando-se em 1931, logo em seguida tornou-se assistente do professor André Dreyfuss na cadeira de histologia e embriologia da Escola Paulista de Medicina.

Participou, em 1932, do movimento constitucionalista deflagrado em São Paulo em julho e derrotado pelas forças governistas em outubro do mesmo ano.

Em 1934 foi professor interino de biologia geral do Colégio Universitário e no ano seguinte, após concurso, assumiu a cátedra de zoologia médica e parasitologia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP). Em 1937 foi nomeado diretor da mesma faculdade, tornando-se membro do conselho universitário da USP. Permaneceu no cargo até 1951, quando foi encarregado pelo então governador paulista, Lucas Nogueira Garcez, de criar a Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto. Nomeado primeiro diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, exerceria o cargo por 12 anos.

Ao longo desse período foi presidente da Comissão de Pesquisa Científica da USP em 1956 e integrou o Conselho Estadual de Ensino Superior a partir de 1957. Participou do II Congresso Mundial de Educação Médica, realizado em Chicago, nos Estados Unidos, em 1959, tornando-se, a partir desse ano, consultor da Organização Mundial de Saúde. Secretário da Saúde de São Paulo de fevereiro a novembro de 1963, no governo de Ademar de Barros, foi eleito no mesmo ano primeiro presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.

Logo após o movimento político-militar de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart, foi nomeado pelo presidente Humberto Castelo Branco reitor da Universidade de Brasília (UnB) em substituição a Anísio Teixeira (1963-1964). Ao assumir o cargo, manifestou seu apreço à estrutura inovadora da UnB, realizando inclusive gestões bem-sucedidas para libertar os professores que haviam sido presos durante a invasão do campus universitário por tropas da Polícia Militar e do Exército, em 9 de abril de 1964. Apesar das limitações de verbas e da repercussão negativa das demissões de 13 professores e instrutores, o trabalho de implantação da UnB prosseguiu. Segundo seu próprio depoimento, procurou “salvar a universidade da destruição” ao impedir o afastamento de “indivíduos de alta qualificação” como Oscar Niemeyer e Almir Azevedo, acusados de subversão. Em 1965 pediu demissão do cargo em virtude do impasse gerado pela contratação do professor Ernâni Maria Fiori, pensador católico gaúcho demitido da Universidade de Porto Alegre e aposentado com base no Ato Institucional nº 1 (9/4/1964). Foi substituído na reitoria da UnB por Laerte Ramos de Carvalho, mas continuou integrando o Conselho Diretor da Fundação Universidade de Brasília.

Em seguida, a convite do governador Laudo Natel, retornou a São Paulo para fundar a primeira universidade no interior do estado, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nomeado reitor da recém-criada universidade em 1966, contratou, em sua gestão, cientistas brasileiros que se encontravam no exterior, destacando-se assim pela defesa da liberdade de pensamento acadêmico e pelo apoio aos professores perseguidos numa época de intensa repressão. Mostrou-se favorável ao ressurgimento do movimento estudantil, lutou pela autonomia universitária e buscou a integração entre a universidade e a comunidade local. Aposentou-se em maio de 1978, quando recebeu o título de reitor honorário, e foi substituído no cargo por Plínio Alves de Morais. Na ocasião, manifestou-se favorável à reintegração dos professores e cientistas aposentados pelo Ato Institucional nº 5 (13/12/1968), sugerindo a imediata revisão de seus casos. Tendo recebido também o título de professor emérito da USP, tornou-se, depois de aposentado, presidente da Fundação Universidade Estadual de Campinas (Funcamp).

Em 1979, manifestou-se contra a reivindicação do movimento estudantil de retorno à legalidade da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirmando que a entidade teria sua atuação desviada para questões alheias aos interesses universitários.

Foi membro do Conselho Federal de Educação, do Conselho Curador da Fundação SEADE, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Academia de Letras de Ribeirão Preto, da Associação Paulista de Medicina, da Associação Médica Brasileira, da Sociedade de Biologia de São Paulo e da American Society of Parasitologists. Foi também assessor para assuntos de educação e saúde do Grupo de Assessoria e Participação (GAP) do governo de São Paulo.

Faleceu na cidade de São Paulo no dia 9 de fevereiro de 1981. Depois de sua morte, o governador paulista Paulo Maluf baixou um decreto dando seu nome ao campus da Unicamp.

Era casado com Joana Ribeiro Gandra Vaz, com quem teve três filhos.

Publicou 65 trabalhos científicos sobre doenças parasitárias.

 

 

FONTES: Ciência e Cultura (3/81); COUTINHO, A. Brasil; Estado de S. Paulo (10 e 11/2/81); Folha de S. Paulo (22/2/81); Globo (11/2/81); Grande encic. Delta; HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos; Jornal do Brasil (13/8/77, 4/1, 8 e 19/4/78, 4/6/79 e 15/2/81); MACHADO NETO, A. Ex-universidade; Perfil (1975); Veja (8/2/78); VIANA FILHO, L. Governo.

 

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