Partido da Liberdade e da Justiça

O Partido da Liberdade e Justiça (FJP) (Em árabe: حزب الحرية والعدالة, Hizb al-Hurriya wa Al-'Adala) foi um partido político de direita egípcio fundado em 30 de abril de 2011[1] que declarava-se independente,[2] mas que possuía fortes ligações com a Irmandade Muçulmana, o maior e mais organizado movimento político do Egito e com ramificações políticas por outros países do mundo árabe.

Partido da Liberdade e da Justiça
حزب الحرية والعدالة‎
Líder Mohamed Morsi
Hesham Qandil
Presidente Saad El-Katatni
Secretário Hussein Ibrahim
Fundação 30 de abril de 2011
Dissolução 9 de agosto de 2014 (3 anos)
Sede Cairo,  Egito
Ideologia Democracia islâmica
Conservadorismo social
Economia mista
Espectro político Direita
Afiliação internacional Irmandade Muçulmana
Cores      Verde
     Azul

Trajetória política editar

Na eleição parlamentar de 2011–12, o FJP obteve uma vitória eleitoral ao conquistar 37,5% dos votos válidos e eleger 235 das 508 cadeiras do Parlamento do Egito, não alcançando, no entanto, a maioria absoluta. Dessa forma, o partido precisou compor politicamente com outros partidos ideologicamente próximos, como o Ḥizb al-Nūr (em português, Partido da Luz) e o Hizb al-Wasat (em português, Partido do Centro), que obtiveram 27,8% (107 cadeiras) e 3,7% dos votos (10 cadeiras), respectivamente, para formar um bloco parlamentar majoritário denominado Aliança Democrática pelo Egito.

Apesar de formarem tal bloco parlamentar, tanto o FJP quanto o Al-Nür negaram quaisquer rumores de fusão partidária entre ambos. Além disso, a FJP declarou que não iria lançar candidato algum para disputar a eleição presidencial de 2012. Entretanto, acabou mudou de posição e lançou oficialmente a candidatura de Mohamed Morsi após Khairat al-Shater, candidato do Al-Nūr , ter sua candidatura indeferida pela Suprema Corte Constitucional do país.[3] Morsi viria a eleger-se presidente do Egito após vencer em segundo turno por estreita margem o candidato independente Ahmed Shafiq, obtendo 13 230 131 votos, o que correspondeu a 51,7% dos votos válidos.[4]

Governo Morsi editar

Após a posse de Morsi e formação do gabinete do primeiro-ministro Hesham Qandil, empossado em 2 de agosto de 2012, o FJP tornou-se o maior partido do governo, assumindo 5 ministérios: Habitação e Desenvolvimento Urbano, Educação, Trabalho e Imigração, Comunicação Social e Juventude. Em 27 de agosto, Morsi nomeou 21 conselheiros e assessores, dentre eles três mulheres e dois cristãos e um grande número de figuras de tendência islâmica, além dos 26 governadores estaduais, sendo estes últimos todos eles filiados ao FJP.

Em 5 de janeiro de 2023, 10 ministros foram substituídos, levando a um aumento do número de membros do FJP no gabinete ministerial em detrimento das indicações políticas do Al-Nūr e do Al-Wasat. Após a remodelação, o FJP passou a controlar os seguintes ministérios: Finanças, Interior, Desenvolvimento Local, Assuntos Jurídicos e Parlamentares, Energia, Aviação Civil, Transportes, Meio Ambiente, Abastecimento e Comunicação Social. Em 7 de maio, uma nova remodelação do gabinete ministerial fez aumentar o número de ministros filiados ao FJP chegar a 12. Os ministérios remodelados foram os seguintes: Justiça, Assuntos Parlamentares, Petróleos, Antiguidades, Agricultura, Finanças, Planejamento e Cooperação Internacional, Cultura e Investimento.

Golpe de Estado e dissolução editar

Diante da incapacidade manifestada pelo governo em promover medidas de estímulo ao crescimento econômico, os índices de popularidade de Morsi começaram a cair. Em 30 de junho, grandes manifestações populares foram realizadas em todo o Egito pedindo sua renúncia do cargo. Simultaneamente a essas manifestações, seus apoiadores também realizaram manifestações em outras partes do Cairo. A crescente insatisfação popular levou as Forças Armadas, lideradas pelo marechal Abdul Fatah Al-Sisi a promoverem um golpe de Estado, destituindo Morsi e nomeando o presidente do Supremo Tribunal Constitucional, Adly Mansour, como presidente interino. Ministros da FJP renunciaram ou foram igualmente depostos pelos militares.[5]

Um tribunal de apelações egípcio endossou um veredicto que exonerou o primeiro-ministro Hesham Qandil de suas funções e o sentenciou a um 1 ano de prisão por descumprimento de ordens legais. Os protestos que se seguiram a favor de Morsi e contra os militares duraram mais de 1 ano, porém ao final acabaram violentamente reprimidos pelas forças de segurança e acarretaram na dissolução oficial do partido em 9 de agosto de 2014 após decisão da Suprema Corte Constitucional.[6]

Resultados eleitorais editar

Eleições presidenciais editar

Ano Candidato 1º turno 2º turno
Votos % Col. Votos % Col.
2012 Mohamed Morsi 5 764 952 24,8 1.º 13 230 131 51,7 1.º

Eleições legislativas editar

Data Votos % Col. Deputados Status
2011–12 10 138 134 37,5 1.º
235 / 508
Governo

Referências

  1. «Egypt Islamists form 'non-theocratic' party». The Peninsula. 1 Maio de 2011. Consultado em 24 de junho de 2012. Arquivado do original em 30 de novembro de 2011 
  2. Avi Asher-Schapiro (26 de Janeiro de 2012). «The GOP Brotherhood of Egypt». Salon. Consultado em 15 de Fevereiro de 2012 
  3. د.مرسى رئيساً لحزب"الحرية والعدالة"..وخوض انتخابات الشعب فى حدود 45 إلى 50 %
  4. G1, Do; Internacionais, Com Agências (24 de junho de 2012). «Candidato da Irmandade Muçulmana vence eleição presidencial no Egito». Revolta Árabe. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  5. «Egypt told to end 'dangerous stalemate'». www.aljazeera.com (em inglês). Consultado em 17 de novembro de 2022 
  6. agencies, Staff and (9 de agosto de 2014). «Egypt: court dissolves Muslim Brotherhood's political wing». the Guardian (em inglês). Consultado em 17 de novembro de 2022