Beco do Pinto

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Beco do Pinto
Beco do Pinto
Portão de entrada do Beco, na rua Roberto Simonsen
Tipo
Estado de conservação SP
Património nacional
Classificação Condephaat
Data 1988
Geografia
País Brasil
Cidade São Paulo
Coordenadas 23° 32' 54" S 46° 37' 56" O

O Beco do Pinto, também conhecido como Beco do Colégio, é uma passagem localizada entre a Casa Número Um e o Solar da Marquesa de Santos no Centro de São Paulo. Atualmente, liga as ruas Roberto Simonsen e Bittencourt Rodrigues. Mas, na era colonial do Brasil, tinha a função de permitir o trânsito de pessoas e animais entre o largo da Sé à várzea do rio Tamanduateí. Hoje, sob a administração da Casa da Imagem (também chamada de Casa Número Um), abriga projetos desenvolvidos especialmente para o espaço por artistas contemporâneos. Também constitui um importante conjunto arquitetônico, histórico e cultural juntamente com os edifícios que o cercam, e integra o Museu da Cidade de São Paulo. [1]

História[editar | editar código-fonte]

Detalhe interno do Beco do Pinto

Nomeação[editar | editar código-fonte]

O beco levou o nome de Beco do Pinto por este ser o sobrenome do Brigadeiro José Joaquim Pinto de Moraes Leme. Em 1821, o militar, então proprietário do sobrado - casa que depois viria a ser conhecida como Solar da Marquesa de Santos - realizou a primeira mudança significativa em relação à passagem e deu início a uma relação complicada com a Câmara Municipal.[2]

Além de ser uma via de comunicação estratégica que ligava a parte alta da cidade a parte baixa, onde se concentravam os comércios paulistanos, o Beco também era um caminho por onde os escravos passavam para buscar água e despejar o lixo doméstico. E, por ser uma passagem íngreme e sinuosa, muitos optavam por não descer até a várzea, e despejavam o lixo por onde passavam. Incomodado com isso, o Brigadeiro fechou o Beco do Pinto com um portão. Mas sua mudança não durou muito tempo, pois a providência foi contestada e proibida pela Câmara Municipal, por se tratar de uma servidão pública.[2]

José Joaquim Pinto voltou a ser notificado alguns anos depois, dessa vez por haver ampliado seu quintal de fundos com a construção de um muro. A mudança teria prejudicado a insolação da casa vizinha, hoje Casa Número Um. O muro foi demolido em 1826.[3] E a passagem foi reaberta pela Câmara, recebendo o nome oficial de Beco do Colégio.[2]

Marquesa de Santos[editar | editar código-fonte]

Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, adquiriu o Solar em 1834. Junto com a compra, veio a exigência de que a Câmara permitisse a reconstrução do muro demolido e a reinstalação do portão do Beco, ao alegar que não haveria como garantir segurança à sua propriedade sem a tomada de tais medidas. Em 1849, a solicitação foi atendida pela Câmara Municipal.[4]

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Em 1912, após a abertura da ladeira do Carmo, atual Avenida Rangel Pestana, o Beco perdeu sua função e foi definitivamente desativado.[1]

Vista da Casa da Imagem de dentro do Beco

Atualmente, o Beco do Pinto está sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, é administrado pela Casa da Imagem, integra o Museu da Cidade de São Paulo e abriga instalações artísticas produzidas unicamente para o espaço.[4]

Características Arquitetônicas[editar | editar código-fonte]

O Beco do Pinto foi construído, originalmente, para que se possibilitasse o trâmite entre a antiga rua do Carmo - hoje rua Roberto Simonsen - e a várzea do rio Tamanduateí (próxima a atual rua Bittencourt Rodrigues), locais separados por uma grande declividade.

Assim, é configurado arquitetonicamente em uma escadaria permeada por lances, que se alternam entre planos e inclinados. Os degraus são de granito e os lances planos são revestidos de pedras portuguesas. Os limites laterais são definidos pelos lotes das edificações vizinhas, a Casa Número Um (atual Casa da Imagem) e o Solar da Marquesa de Santos.

O Beco está situado em um terreno de 368,40 m² e tem suas duas extremidades marcadas por portões com bossagem e frontão triangular. O portão da rua Roberto Simonsen apresenta ornamentos neoclássicos, aduela e o brasão de armas do Brasil, em baixo relevo. Além disso, há duas vitrines arqueológicas que exibem vestígios dos antigos calçamentos.[5]

Visão panorâmica da rua Roberto Simonsen.

Significado Histórico e Cultural[editar | editar código-fonte]

O Beco do Pinto marca a ligação entre duas edificações de excepcional valor histórico para a cidade de São Paulo: o Solar da Marquesa de Santos e a Casa Número Um. Além disso, a passagem também representa um importante marco histórico por ter sido, durante anos da era colonial brasileira, a principal ligação entre o centro urbano, concentrado em torno do Pátio do Colégio, e o rio Tamanduateí, localizado em uma área onde havia um agrupamento comercial.[4]

Visão frontal do Beco

Tombamento[editar | editar código-fonte]

A conservação do Beco do Pinto é protegida pelo Decreto nº 26.818, de 09 de setembro de 1988, realizado durante a Prefeitura de Jânio Quadros em São Paulo. Este determina a preservação de bens localizados dentro do perímetro do Pátio do Colégio, no Centro do município.[6]

Louças do Beco do Pinto[editar | editar código-fonte]

Durante os trabalhos de revitalização, foram encontrados fragmentos de louças, porém não foi possível a remontagem, talvez pela escavação ter ocorrido em apenas algumas áreas. A maior parte são fragmentos de faiança portuguesa com o uso de policromia. Através do cálculo de South (Mean Ceramic Date Formula), estima-se que o depósito destes fragmentos ocorreram durante o século XVIII (em torno de 1785). Devido à grande quantidade de peças encontrada ao fundo dos dois sobrados laterais (Solar da Marquesa e Casa N.1), existe a hipótese de que as peças de louças seja originárias, em grande parte, do descarte destes dois sobrados que o cercavam [7].

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Museu da Cidade de São Paulo - Beco do Pinto». www.museudacidade.sp.gov.br. Consultado em 23 de novembro de 2016 
  2. a b c «Museu da Cidade de São Paulo - Beco do Pinto». www.museudacidade.sp.gov.br. Consultado em 23 de novembro de 2016 
  3. SANT’ANNA, Nuto. O Beco do Colégio (1554-1935). 1936: Revista do Arquivo do Municipal. pp. 5–74 
  4. a b c DPH, Relatório de Bens Protegidos do Departamento de Patrimônio Histórico de São Paulo. Beco do Pinto. Acessado em 29 de outubro de 2016
  5. DPH, Relatório de Bens Protegidos do Departamento de Patrimônio Histórico de São Paulo. Beco do Pinto. Acessado em 29 de outubro de 2016
  6. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal da Cultura - Departamento do Patrimônio Histórico. Decreto nº 26.818. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/fc9d9_Decreto_26818_T_Imoveis_Pateo_do_Colegio.pdf
  7. Carvalho, Marcos Rogério Ribeiro de (23 de dezembro de 2003). «Plates, cups and bowls; a study of historical archaeology in São Paulo at the 18th and 19th centuries; the sites Solar da Marquesa, Beco do Pinto and Casa N° 1.». Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (em inglês) (13): 75–99. ISSN 2448-1750. doi:10.11606/issn.2448-1750.revmae.2003.109466. Consultado em 16 de março de 2021 

Ver também[editar | editar código-fonte]