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Rio contra a corrente

Um pedaço de Portugal no Rio de Janeiro

A história da Academia Brasileira de Letras está ligada à do Real Gabinete, uma vez que as cinco primeiras sessões solenes da Academia foram realizadas ali. Por Emanuelle Bezerra

Um pedaço de Portugal no Rio de Janeiro
Fachada do prédio

Um dos lugares de grande valor para se conhecer no Centro do Rio de Janeiro é o Real Gabinete Português de Leitura. O espaço foi criado em 14 de maio de 1837, por um grupo de 43 imigrantes portugueses para ampliar os conhecimentos e dar oportunidade aos portugueses residentes na então capital do Império de ilustrar o seu espírito. Além de um prédio belíssimo, inspirado na estética marítima da época dos Descobrimentos, e de um acervo bibliográfico importantíssimo, o Gabinete ainda desenvolve atividades e cursos.

A biblioteca do Real Gabinete abriga a maior coleção de obras portuguesas fora de Portugal. Os títulos mais antigos datam de 1502 e vão até obras recém-lançadas. O Real Gabinete tem cerca de 350 mil volumes e está aberto ao público desde 1900. Lá é possível ter acesso à obras raras como um exemplar da edição princeps de Os Lusíadas, de Camões (1572) e um manuscrito da comédia Tu, só tu, puro amor, de Machado de Assis.  Há também uma importante coleção de pinturas de Carlos Reis, Oswaldo Teixeira, Eduardo Malta e Henrique Medina.

A história da Academia Brasileira de Letras (ABL) está ligada à do Real Gabinete, uma vez que as cinco primeiras sessões solenes da Academia, sob a presidência de Machado de Assis, foram realizadas ali.  Atualmente, o local recebe, em média, cento e cinquenta visitantes por dia. Entre os seus visitantes ilustres do passado encontram-se os nomes de Olavo Bilac e João do Rio, além do já citado Machado de Assis.

O Real Gabinete edita a revista semestral Convergência Lusíada e promove cursos sobre Literatura, Língua Portuguesa, História, Antropologia e Artes, destinados principalmente a estudantes universitários.

O Local é de uma beleza rara na cidade e de grande importância histórica. É uma pena que seus arredores estejam tão abandonados pelo poder público. Aliás, o Centro do Rio de Janeiro está neste estado decadente há anos e só agora, com a vinda de eventos mundiais, é que obras de restauração estão sendo feitas. Mesmo assim, a sujeira e população de rua ainda assustam os visitantes.

Esta redatora encontrou dificuldades em registrar imagens da fachada do prédio, pois há uma praça em frente ao Real Gabinete imunda, com bandeiras hasteadas e um monumento totalmente degradado por pichações, e uma concentração de mendigos que a observavam atentamente enquanto tentava sacar a câmera. As fotos foram feitas disfarçadamente do outro lado da rua sem muito capricho, já que a pressa foi necessária.

O Real Gabinete Português de Leitura fica na Rua Luis de Camões, número 30, no Centro da cidade.

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14 Opiniões

  1. celso disse:

    Vejam a infraestrutura da ILHA da Madeira. Impressiona a malha rodoviária e sua quantidade de túneis.
    A malha rodoviária no continente Português é outro assombro.
    Mas, com o governo Brasileiro pagando taxa selic de dois dígitos(taxas de 10%aa. em dez anos dobra a dívida) pelos últimos 20 anos(viva a autonomia do Banco Central), fica difícil investir em alguma coisa. A Espanha que está quebrada paga ao redor de 6%. Mesma coisa com a Itália. (Selic em dezembro:1995-46%,1996-24%,1997-40%,1998-29%,1999-19%,2000-16%,2001-19%,2002-25%,2003-16%,2004-18%,2005-18%,2006-13%,2007-11%,2008-13%,2009-8%,2010-10%,2011-10%,2012-7,25% fonte:Bco.Central)
    Na europa os economistas são unânimes em afirmar que taxas de 6/7% ao ano são inviáveis a longo prazo, pena que nossos economistas são mais inteligentes.

  2. celso disse:

    O fato do Império Português da época, ter feito o que todos os impérios ao longo dos séculos o fizeram e continuarão a fazer, não justifica querermos apagar os Portugueses de nossa História.
    Pesquise em “A Crueldade dos Impérios” no Google e a conclusão é de que todos os impérios e grandes conquistadores barbarizaram.
    Somente como exemplo vejam o mapa do México antigo.
    pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mexican_Cession.png
    pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Mexicano-Americana
    “Como resultado, Estados Unidos ampliaram o seu território em cerca de um quarto, enquanto México perdeu aproximadamente metade do seu[1]. Na época, a guerra foi objeto de grande controvérsia moral dentro dos Estados Unidos.”
    E a Espanha nas américas…….(pobres maias e incas)
    E os ingleses em todo o mundo….Massacre dos zulus na África.

  3. celso disse:

    Considerando nossa pobre participação no mercado de serviços(turismo) em relação a Países como Portugal urge que o Brasil invista em seu patrimonio histórico.
    PIB Brasileiro U$ 2,3 trilhões 7ª colocação mundial
    PIB Portugal U$ 0,250 trilhão(2010) 43º colocação mundial
    publico.pt/economia/noticia/sector-do-turismo-representou-425-das-exportacoes-de-servicos-em-2011-1564754
    “Por seu lado, no total da economia, um número muito debatido dentro do ramo, o turismo representava 9,2% do produto interno bruto (PIB) em 2010, segundo dados reunidos pelo Turismo de Portugal a partir do Instituto Nacional de Estatística.”

    “O banco central, no seu boletim de Verão, sublinhou que as exportações do turismo devem ter uma “evolução favorável” este ano, contrariando a tendência dos serviços em geral” Como Portugal está em crise, impressiona o efeito do Turismo na economia.

    turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20121017-2.html
    “Dos 5,4 milhões de turistas estrangeiros que desembarcaram no Brasil no último ano, 1,4 milhão vieram em viagens comerciais. O lazer, no entanto, continua a representar a principal motivação do visitante internacional, com 46,1%.” Somente as ilhas de Açores receberam 3,5 milhões. Num total de aproximadamente 12 a 15 milhões em toda a Portugal.
    “Na lista da Organização Mundial de Turismo, o Brasil fica atrás da Malásia e do México, onde desembarcam quatro vezes mais estrangeiros do que no Brasil.
    No quesito competitividade turística, o Brasil está na posição de número 52, segundo um relatório elaborado pelo Fórum Econômico Mundial.”

  4. celso disse:

    “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”.
    (Fonte: Emília Viotti da Costa, historiadora brasileira)

  5. Albertina disse:

    Concordo com a redatoura, é triste comtemplar obras tão refinadas e tão abondonadas, São Luis-MA, vive este mesmo senario.

  6. Peter Pablo Delfim disse:

    O Eleutério Sousa é fruto de um meio que justifica um fim. Pelo menos é o que se depreende de suas palavras. E eu concordo.

  7. Eleutério Sousa disse:

    Don Quijote de la Mancha y sus molinos de viento!

  8. Peter Pablo Delfim disse:

    Não posso referendar a injustiça em nome seja lá do que se queira. A vingar tal pensamento à existência de alguns se exigiria a morte de outros. Não desconheço os valores culturais e históricos que procuramos preservar como memória e os aprecio. Um pensamento contrário se afinaria com uma doutrina Talibã com a qual compactuo menos dos que a ela recorrem oportunamente. Sou contra sim ao extermínio de índios e negros como de qualquer ser humano. Sou contra sim, a doação de recursos travestidos em negócios em detrimento da saúde, educação, segurânça e outras necessidades do sofrido povo brasileiro. E dizem, que é assim, que pretendem arrumar as coisas por aqui. Falta muito!

  9. Eleutério Sousa disse:

    Nossa história é predominante em injustiças…Mas será que 90 por cento dos brasileiros estariam aqui se nosso percurso histórico fosse diferente? Sr. Peter, devemos pedir perdão aos Índios e aos africanos pelo descalabro que lhes causamos! (N.B.- sou de origem africana….)

  10. Markut disse:

    O homem é o lobo do homem.
    Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Holanda não se diferenciaram muito nesse assalto e saque ao Novo Mundo.
    A herança histórica que restou disso tudo é a nossa vivência atual, queiramos ou não.
    Por mais razões que tenhamos, não podemos destruir , ou ignorar o acervo material e cultural que herdamos.
    Não vamos dar uma de talibãs .

  11. Peter Pablo Delfim disse:

    Sr. Eleutério Sousa, realmente, tem que ter estômago para aturar tudo isso. Nada mais natural que nos estrague o estômago. Ou será que já não é mais permitido indignar-se?

  12. Eleutério Sousa disse:

    Sr. Peter Pablo, que estômago azedo!

  13. Peter Pablo Delfim disse:

    A velha e surrada artimanha. Se o pão estiver estragado, bolorento, esverdeado e com cheiro e aparência desagradável, que se fale das virtudes do pão. Assim começará a ocorrer com tudo o que se refere a Portugal. Parece que não basta que os mesmo nos tenham expoliado com uma sangria de nossas riquezas que perdurou décadas.
    Fomos tratados de forma dura e feroz como colonia, alias as colonias de Portugal foram as que tiveram o tratamento mais cruel do planeta (dados da ONU). Por incrível que pareça, para os portugueses não passamos de ex-colonia e somos considerados de segunda categoria. Entretanto, quebrados, por uma burrice que não se confina as piadas, após saquearem o mundo, vislumbram no Brasil uma nova oportunidade de levar vantagem daqueles que herdaram o que de pior havia em si mesmo, (alguns de nós). Começa então toda uma estoria de encantos de Portugal que só tem olhos nas vantagens que irá auferir. Pelo visto as autoridades brasileiras estão de pleno acordo em servi-los em detrimento da segurânça, educação, saúde, estradas e…. a lista é longa, de tudo o mais que o povo brasileiro necessita e tem direito.

  14. helio disse:

    O Centro da Cidade tem esse pedaço de Portugal tão magnífico. Tívemos a chance de renovar o Centro com a localização das Olimpíadas no Porto. Forças poderosas empurraram para a Barra todo esse investimento. Por outro lado o Centro esquecido escapa da saga das demolições trágicas que o Rio sofreu, Quem sabe um dia algum governante sensível resolva cuidar desse tesouro, e devolver a cidade a sua maior glória e beleza.

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